quinta-feira, 2 de maio de 2013

O Troll de Havayaga - Primeira parte



Relato de Liam "Chifre de Alce", ex-bardo:

Lembro-me vagamente daqueles dias...

Eu era um jovem de aproximadamente dezessete anos. Tinha longos cabelos castanhos e não havia sinal da longa barba que disfarça os traços de minha idade atual. Apesar da pouca idade, eu era um exímio caçador. Forte, ágil, muito hábil com arco e flecha. Habilidades que os anos de bebedeira e exageros me tiraram.

Era uma noite de outono e eu retornava para minha aldeia após um cansativo dia de caça. A lua brilhava como uma enorme lamparina no céu, facilitando minha visão naqueles caminhos escuros. Embora meu pai sempre me alertasse para não caçar fora dos arredores de nossa aldeia muito tarde da noite, não houve como obedecê-lo. Perdi quase metade da tarde procurando as armadilhas que espalhei pelo bosque. Mas valeu a pena, pois nas armadilhas encontrei três coelhos gordos e um pequeno javali, que serviriam de alimento por, pelo menos, uma semana.

Sai da floresta em que caçava e passei a caminhar pela estrada chifre de alce, estrada principal que ligava todas as aldeias daquela região. Após um tempo de caminhada me aproximei do bosque de Havayaga. As lendas sobre aquele lugar falavam de uma bruxa centenária que havia sido aprisionada no corpo de uma garotinha e sempre andava acompanhada de um alce e um enorme javali negro. Mesmo com idade para não acreditar mais naquelas histórias, eu sempre me arrepiava ao passar por aquele estranho lugar.

Apressei-me ainda mais naquele trecho do caminho e foi quando um grunhido aterrador tomou conta de meus ouvidos. Senti meu corpo inteiro arrepiar. Quando me dei conta, estava parado na estrada, como se minhas pernas estivessem se fundido ao chão de terra batida. Ouvi novamente o grunhido e tive certeza de que vinha do sinistro bosque. Um choro de criança parecia ecoar pelo caminho. A única reação que tive foi a de deixar tudo o que poderia atrapalhar minha agilidade, até mesmo as presas de minha caçada, e sair em disparada até a aldeia.

O choro da criança me acompanhou até a entrada da aldeia. Parei, com o coração quase saindo pela boca e caminhei rapidamente em direção a minha casa. Percebi o primeiro sinal de que havia algo de errado. Algumas pessoas estavam do lado de fora de suas tendas, algo muito incomum, pois era tarde da noite e as pessoas dali dormiam cedo. Vi meu pai de pé em frente à uma fogueira, conversando com algumas pessoas. Aproximei-me deles e perguntei o que estava acontecendo. Meu pai disse que uma criança de nossa tribo havia sido levada da aldeia.

Todos aqueles acontecimentos estranhos pareciam estar relacionados. Contei a eles sobre os sons que eu tinha escutado, vindos do bosque de Havayaga, mas meu relato só deixou todos mais aflitos.

Cada pessoa tinha uma teoria sobre o desaparecimento da criança e todas as especulações acabaram quando apareceram dois caçadores contando que encontraram pegadas enormes próximas ao lugar onde a criança havia desaparecido. Ao que tudo indicava, iam em direção ao bosque de Havayaga.

A criança desaparecida era especial para todos da tribo. Ela tinha um dom...

2 comentários:

  1. Muito bacana Silas. Comecei a ler e já fiquei preso, sem a menor vontade de parar. Parabéns e boa sorte nos escritos. Aguardo os próximos capítulos! :)

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